E o homem chega a América
O homem chegou ao Novo Mundo vindo da Sibéria pouco antes de 20.000 a. C., quando o nível do mar baixou e o Estreito de Bering era terra firme. Após milhares de anos caçando e colhendo plantas silvestres como seminômades, índios em terras andinas na América Central experimentaram a agricultura (7000 a. C.).
O homem chegou ao Novo Mundo vindo da Sibéria pouco antes de 20.000 a. C., quando o nível do mar baixou e o Estreito de Bering era terra firme. Após milhares de anos caçando e colhendo plantas silvestres como seminômades, índios em terras andinas na América Central experimentaram a agricultura (7000 a. C.).
Este estágio de desenvolvimento foi o ponto de partida para que comunidades fossem desfragmentadas, dando origens a novas tribos nos mais diversos locais das Américas.
Alguns povos que se concentravam principalmente nos atuais países do México e Peru, alcançaram o civilização com o surgimento de Estados, populações de dezenas de milhares, hierarquia de classes sociais, organização pública de serviços, clero profissional e especialistas de todos os trabalhos, desde manufatura até comércio, administração e governo.
Quanto as tribos que se encontravam em áreas desérticas, frias e regiões que não estimulavam o extrativismo e, posteriormente, a agricultura, praticavam a caça e tímida coleta dos escassos recursos naturais como maneira de sobrevivência.
No ambiente de agricultura limitada da Floresta Amazônica, nasceu uma frágil civilização em povoamentos densamente habitados nas margens de rios, alimentando-se de peixes, tartarugas e do cultivo da mandioca brava. Essas tribos habitavam, em sua maioria, o território atualmente nacional.
As tribos brasileiras
Existem estimativas de que a população indígena no Brasil até a chegada dos portugueses era de mais de um milhão de nativos, distribuídos em diversos grupos, como veremos a seguir.
Um dos mais importantes grupos indígenas era o dos tupinambás, de tronco de língua tupi, habitavam o litoral, da Bahia ao Rio de Janeiro, e que mais tarde migraram para o norte. A guerra era a atividade mais importante dos tupinambás, que a exerciam constantemente contra outros grupos indígenas e, posteriormente, contra os portugueses. Praticavam o canibalismo como um ritual, pois acreditavam que se comessem a carne de uma valente guerreiro adquiririam suas qualidades.
Outro importante grupo era o dos tupiniquins, também pertencente ao ramo dos indígenas de fala tupi. Também habitavam o litoral da Bahia e parte do Espírito Santo.
Os tamoios, também do grupo tupi, eram inimigos dos tupiniquins.
Existiam vários outros pequenos grupos, como carajás, caetés etc. Atualmente calcula-se que todas essas tribos estão reduzidas a cerca de 100 ou 200 mil nativos no máximo.
Os índios no Brasil
Como já foi dito acima, as tribos que tinham como base de sua sobrevivência a agricultura, se concentravam em sua maior parte em território brasileiro, já que com clima tropical e auxílio da floresta tropical, era abundante os recursos naturais encontrados.
A formação social era bastante simples, as aldeias não tinham grandes concentrações populacionais e as atividades eram exercidas de forma coletiva. O índio que caçasse ou pescasse mais, dividiria seu alimento com os demais.
A coletividade era uma característica marcante entre os índios. Suas cabanas eram divididas entre vários casais e seus filhos, não haviam classes sociais, mesmo o chefe da tribo dividiria sua cabana.
As técnicas utilizadas eram simples porque correspondiam a uma produção pequena, voltada para a agricultura de subsistência, já que o comércio entre aldeias não acontecia como nas civilizações mais avançadas como Astecas e Incas. Para plantar mandioca, por exemplo, cavavam o chão com algum objeto pontiagudo feito de madeira e enfiavam a rama. Depois de algum tempo arrancavam a mandioca e a transformavam em farinha, por um processo também muito simples. O mesmo se pode dizer da preparação do peixe e da caça, que eram moqueados numa grelha, isto é, levemente assados em fogo brando.
Além do cultivo da mandioca, os índios também se dedicavam ao cultivo do milho, batata-doce e abóbora. O preparo da roça para plantio se consistia no corte do mato ao redor da aldeia e atear fogo ao vegetal seco para limpar o terreno, processo que é utilizado ainda hoje.
Quase todas as atividades eram feitas próximo as aldeias, pois era necessário que tudo que precisassem não estivesse longe. A caça ou a pesca eram feitas nas matas e nos rios próximos, já que as aldeias se localizavam em regiões ribeirinhas. As roças, também próximas as aldeias, eram cultivadas na maioria das vezes pelas mulheres. Os homens quase sempre cuidavam da caça e das guerras.
Havia uma relação muito equilibrada entre o homem e a natureza. O único extrativismo existente era exclusivamente para a sobrevivência das aldeias, sendo assim, não haviam desperdícios e a natureza se regenerava sem problemas, mantendo o ciclo ecológico em perfeita armonia.
Texto complementar
Hans Staden viajou para o Brasil em 1547, e logo caiu prisioneiro dos tupinambás. Observou a vida comunitária dos índios, deixando valioso documento sobre a sociedade dos nativos brasileiros.
Gostam muito de colocar suas cabanas onde a água e a lenha não fiquem longe. O mesmo quanto à caça e ao peixe, e quando tem devastado um lugar mudam as moradas para outra parte. Para construir as suas habitações, um dos chefes entre eles reúne para isso uns 40 homens e mulheres, quantos pode encontrar, geralmente seus amigos e parentes.
Levantam estes a cabana; o teto é redondo, como abobada. Cobrem depois com uma grossa camada de ramas de palmeira, de modo a não chover dentro. Ninguém tem quarto separado: cada casal de homem e mulher tem um espaço na cabana, de um dos lados, de 12 pés; de outro lado, um outro casal, o mesmo espaço. Assim se enchem as cabanas e cada casal tem seu fogo. O chefe tem o seu aposento no centro da cabana. No meio, entre as cabanas, deixam uma espaço onde matam os prisioneiros.
Tem eles uma espécie de madeira que secam e da qual cortam dois pauzinhos do tamanho de um dedo, que esfregam um ao outro. Com isto produz-se pó, que o calor da fricção acende, e assim fazem fogo.
Por onde andam, quer na mata quer na água, levam sempre consigo o seu arco e suas flechas. Andando na mata, caminham de cabeça erguida, a examinar as árvores para descobrirem algum pássaro grande, macaco ou outro animal, que vive sobre as árvores, para o matar, e o perseguem até que o matam.
Do mesmo modo perseguem os peixes à beira-mar e têm uma vista muito penetrante. Mal aparece um peixe atiram e poucos tiros erram.
Usam também pequenas redes, feitas de fibras, que tiram de umas folhas agudas e compridas, e quando querem pescar com redes, reúnem-se alguns e cada qual ocupa o seu lugar na água. Quando esta não é funda, entram uns poucos, formando círculo, e batem na água para o peixe afundar e cair então na rede. Quem mais apanha divide com os outros.
É uma gente bonita de corpo e de feição, tanto os homens como as mulheres, iguais a gente daqui; somente são queimados do sol, pois andam todos nus, moços e velhos, e nada tem que encubra as partes vergonhosas. Desfeiam-se a si mesmos com pinturas e não tem barbas, porque as arrancam pela raiz, logo que lhe nascem. Fazem furos na boca e nas orelhas e neles introduzem pedras, que são seus ornamentos, e se enfeitam com penas.
Nos lugares onde querem plantar, cortam primeiro as árvores e deixam-nas secar de um a três meses. Deitam-lhes fogo, ao depois queimam-nas e então é que plantam entre os troncos as raízes de que precisam, a que chamam mandioca. É arbusto de uma braça de altura, que dá umas três raízes. Quando querem comer, arrancam o pé, quebram-lhe as raízes e depois os galhos. A este colocam-no outra vez na terra, onde criam raízes de novo, e com seis meses crescem tanto que dão já o que comer.
Quando cozinham alguma coisa, seja peixe ou carne, põem-lhe em geral pimenta verde e, quando está mais ou menos bem cozida, tiram-na do caldo e a reduzem a uma sopa rala a que chamam mingau e que bebem em cascas de purungas, que servem de vasilhas. E quando querem guardar alguma comida por mais tempo, carne ou peixe, penduram-na uns quatro palmos acima do fogo, em varas, e fazem bastante fogo por baixo. Deixam-na então secar e enfumaçar, até ficar bem seca. Quando querem comê-la, aferventam-na outra vez e se servem. A carne assim preparada chamam-na Mockaein (tostar).